As redes sociais têm se tornado um espaço crucial para os povos indígenas amplificarem suas vozes, compartilharem suas tradições e promoverem seu protagonismo. No Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, o Correio conversou com dois comunicadores indígenas que destacaram a importância dessas plataformas digitais para suas comunidades.
Cristian Wari’u, jornalista e criador de conteúdo digital do povo Xavante (Mato Grosso), vê as redes sociais como uma “ponte” entre os indígenas e não indígenas. “Eu percebi uma oportunidade de falar para muitas outras pessoas sobre a realidade indígena”, afirma. Ele ressalta que, por muito tempo, os povos originários foram representados nos meios de comunicação a partir de uma perspectiva não indígena, e agora têm a chance de contar suas próprias histórias.
Samela Sateré Mawé, bióloga e comunicadora da Associação das Mulheres Indígenas Sateré Mawé, no Amazonas, compartilha uma visão semelhante. “Nós nunca fomos protagonistas das nossas narrativas, por muito tempo muitas pessoas já falaram por nós. E agora, pela primeira vez, a gente tem a oportunidade de sermos os protagonistas de nossas histórias”, destaca.
As redes sociais têm permitido que os povos indígenas denunciem violações de direitos, exijam acesso à saúde e educação, e compartilhem suas culturas, artes e tradições com um público mais amplo. “A internet tem sido ferramenta de luta e resistência. A gente consegue denunciar, alcançar a política, pedir mais saúde e educação”, ressalta Samela.
Cristian Wari’u também enfatiza a importância de celebrar a diversidade indígena, lembrando que os povos originários estão em constante transformação, mas isso não os torna “menos indígenas”. O Brasil abriga mais de 305 etnias e 274 línguas indígenas, refletindo a riqueza cultural desses povos.
Embora o Dia dos Povos Indígenas (anteriormente conhecido como Dia do Índio) seja uma data para ressaltar a resistência e as lutas desses povos, também é uma oportunidade de reconhecer e valorizar suas vozes, que ecoam cada vez mais nas redes sociais, desafiando estereótipos e promovendo o diálogo intercultural.
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