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Um político norte-americano de Illinois apresentou uma emenda para banir a venda de jogos violentos. De acordo com o autor do projeto, o objetivo é diminuir a criminalidade principalmente em Chicago, cidade mais populosa do estado.
O autor da emenda é Marcus C. Evans Jr., um político do Partido Democrata que foi eleito para um mandato parecido com um deputado estadual no Brasil. A proposta do legislador pretende alterar uma lei do código criminal de 2012 que regula a venda de games violentos para menores de idade.
Além de proibir o comércio de títulos violentos para pessoas de todas as idades, a emenda altera a própria definição de jogo violento. A nova terminologia proposta diz que um game se enquadra nesse quesito quando “permite a um usuário ou jogador controlar um personagem dentro do videogame que é encorajado a perpetuar a violência, na qual o jogador mata ou causa sérios danos físicos ou dano psicológico a outro ser humano ou animal”.
O projeto também modifica a definição de “dano físico grave” da lei anterior para incluir “dano psicológico e abuso infantil, abuso sexual, abuso de animais, violência doméstica, violência contra a mulher, roubo de veículo motorizado com um motorista ou passageiro presente”.
A intenção de Evans Jr. em citar particularmente o roubo de carros tem como motivo um aumento de crimes do tipo. O jornal Chicago Sun-Times publicou que em janeiro houve uma alta nestas ações na cidade. Ao todo, foram reportados à polícia 218 casos de roubos de carros no período.
“O projeto proibiria a venda de alguns desses jogos que promovem as atividades que estamos sofrendo na nossa comunidade”, disse o político ao jornal. Ele cita nominalmente o caso de GTA V, que de acordo com ele estaria contribuindo com a promoção dos crimes.
Polêmica
A proposta, que ainda propõe multa de US$ 1 mil (cerca de R$ 5,4 mil na conversão direta) para quem vender jogos violentos, com certeza deve enfrentar bastante resistência. Em 2012, a Suprema Corte dos Estados Unidos já havia determinado que a Califórnia não poderia banir a venda de games para menores porque iria contra a “liberdade de expressão”.
“Como os livros, peças e filmes que os precederam, os videogames comunicam ideais – e até mensagens sociais – por meio de muitos dispositivos familiares (como personagens, diálogo, enredo e música) e por meio de características distintas do meio (como a interação do jogador com o mundo virtual)”, defendeu à época o então juiz Antonin Scalia.
No ano passado, a Associação de Psicologia Americana relatou que havia pouca evidência de uma relação causal entre jogos violentos e comportamentos violentos. “Atribuir a violência a jogos eletrônicos não é científico e desvia a atenção de outros fatores, como um histórico de violência”, diz um trecho da declaração da instituição.