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A coluna conversou com dois investidores que aplicaram grandes quantias na firma Rental Coins e viram o dinheiro simplesmente desaparecer.
A empresa de investimentos alvo de processo movido por Sasha Meneghel, após a modelo ter sofrido golpe estimado em R$ 1,2 milhão, também deixou rastro de, pelo menos, 35 vítimas no Distrito Federal. A coluna conversou com dois investidores que aplicaram grandes quantias na firma Rental Coins e viram o dinheiro simplesmente desaparecer.
Ao captar investidores no Brasil, a operadora com sede em Curitiba (PR) oferece rendimentos fixos mensais com a suposta locação de criptomoedas. A promessa rentável fisga os clientes com a garantia de retornos que variavam entre 7% e 8% ao mês, dependendo do valor aportado.
No DF, agentes autorizados em falar em nome da empresa aproveitavam cultos em igrejas evangélicas para convencer investidores em potencial a aplicarem recursos nos criptoativos com a promessa de juros superiores ao praticado usualmente no mercado. Assim aconteceu com um contador de Vicente Pires, que amargou prejuízo de R$ 200 mil, e com uma professora que mora em Águas Claras – a docente perdeu R$ 40 mil da noite para o dia.
Moeda própria
O caso da moradora de Águas Claras é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul). Segundo a vítima, ela aportou R$ 40 mil em uma moeda digital “própria da empresa” chamada BRCP, além de outros R$ 4 mil em bitcoins. A professora contou ter recebido os rendimentos durante três meses. Em seguida, no entanto, os depósitos deixaram de ser feitos. “Depois disso, recebi um e-mail da empresa afirmando que eles estavam tendo problemas financeiros por má gestão de um dos administradores”, disse a educadora.
Nos últimos seis meses, a docente não recebeu nenhum retorno financeiro, tampouco o dinheiro que havia aplicado. “Já em março deste ano, a empresa informou que haveria uma reestruturação para devolução parcelada do valor investido ou assinatura de um novo contrato. Acionei um advogado para receber o que me devem, porque eles não têm dinheiro em caixa e querem, supostamente, dividir a quantia em 18 vezes”, reclamou a professora.
Já o contador, que perdeu R$ 200 mil, disse ter sido contatado por um agente, que o convenceu a fazer o investimento. “Este valor entrava em forma de aluguel, e nós recebemos um contrato convertido em token, e o meu foi calculado em dólar. Assim que os pagamentos voltaram a atrasar, fizeram um plano de reestruturação e pagaram mais no mês de abril, com juros reduzidos a 3.5%. Depois, não houve mais recebimento”, afirmou. Um boletim de ocorrência foi registrado na 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), que investiga o caso.
Caso Sasha
A modelo Sasha Meneghel e o cantor João Figueiredo, marido da jovem, movem processo na Justiça contra a empresa Rental Coins. A filha e o genro da apresentadora Xuxa Meneghel não conseguiram reaver o dinheiro investido e, por isso, ajuizaram a ação.
De acordo com documento obtido pelo Metrópoles, o casal busca reparação por danos materiais e morais, em decorrência de suposta fraude aplicada pelo grupo econômico, que teria se utilizado de “sofisticada cadeia de subterfúgios para constituir pirâmide financeira e aplicar golpe nos autores”, diz trecho da ação.
Segundo o processo, acompanhado pelo juiz Erick Antônio Gomes, da 14ª Vara Cível de Curitiba do Tribunal de Justiça do Paraná, o investimento inicial do casal teria sido de R$ 50 mil. Sasha e João ainda teriam feito outros dois contratos, com o aporte de mais de R$ 1.267.000.
Abuso da fé
Sasha e João também acusam Davi Zocal dos Santos, agente de investimentos da Rental Coins, de “abuso da confiança e da fé religiosa”, já que eles se conheceram dentro da igreja cristã evangélica na qual a modelo e o cantor congregam. Após desenvolver amizade com o casal, Davi teria oferecido a oportunidade de a dupla investir em criptomoedas e apresentado o dono da empresa, Francisley Valdevino da Silva, aos dois.
Em entrevista à TV Record no mês de março, Francisley disse que desde o fim do ano passado a empresa vem passando por reestruturação e auditoria. Segundo ele, esse é o motivo dos problemas nos saques. O dono da companhia garantiu que todos irão receber o dinheiro de volta.
Nos últimos meses, a Rental Coins responde na Justiça a, pelo menos, 300 processos em todo o Brasil. Em um caso recente, um dos autores conseguiu bloquear R$ 200 mil da empresa. O Metrópoles tentou contato com a Rental Coins, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem. O espaço segue aberto a manifestações futuras.