O futuro sem telas: como a tecnologia está evoluindo

Não há dúvidas de que a tecnologia tem um enorme impacto nas nossas vidas, mudando nossos hábitos, a forma de nos relacionarmos e afetando a nossa saúde.


À medida que essa influência aumenta, também cresce a nossa dependência das telas. Mas será que, em um futuro próximo, poderemos viver praticamente sem telas, especialmente as dos smartphones?

Há pelo menos 10 anos, muitos desenvolvedores e pensadores da tecnologia acreditam nessa possibilidade. Outros acham mais plausível que as telas não sejam completamente substituídas, mas percam seu protagonismo nas nossas interações com tecnologias digitais.

Se não mudarmos a forma de estar no mundo, as mudanças climáticas podem ser tão devastadoras que será difícil viver na realidade.

A possibilidade de um futuro sem telas

Talvez possamos usar as telas para simular uma realidade mais vivível, como no livro “Jogador nº1”, de Ernest Cline, adaptado para o cinema por Steven Spielberg. Nele, as pessoas ignoram um mundo destruído pela miséria para viver na realidade virtual (RV). Seria uma fuga, e não uma interação.

O mesmo acontece no filme de animação “Mars Express”, lançado por Jérémie Périn, que explora dilemas com as inteligências artificiais (IAs) e o medo de que elas superem os humanos. Para não olharmos para o céu devastado, telas de LED simulam um céu limpo e azul.

Assim como essas ficções, existem inúmeras outras que mostram como simular uma realidade melhor pode ser a única alternativa. Mas, nesse caso, não seriam exatamente telas. O que importa não é a tela em si, mas sim o que elas transmitem.

A evolução das interfaces de usuário

Desde os primeiros computadores, nossa interface de usuário (UI) não mudou muito: continuamos a ter uma tela e um mouse ou um dedo. Mas será que podemos imaginar um futuro com interfaces integradas ao nosso corpo e novas funcionalidades?

Em 2011, a Siri popularizou os assistentes virtuais inteligentes, como Alexa e Cortana. Eles não mudaram muito, mas avançaram recentemente com a inteligência artificial generativa (GenAI), melhorando nossa interação e comandos. Nesse período, em 2010, surgiram também as televisões 3D, mas não tiveram sucesso.

Muitos designers começaram a imaginar dispositivos “screenless”, apostando em uma interação mais natural. Comandos por voz foram introduzidos em diversos produtos. No SXSW de 2013, Golden Krishna deu uma palestra que culminou no livro “The Best Interface Is No Interface”, tratando da decadência das interfaces gráficas e nosso cansaço de telas.

O papel dos dispositivos vestíveis

Em 2018, no mesmo evento, Christopher Ferrel falou do futuro sem telas da internet, com o uso de voz e dispositivos vestíveis, marcando a transição dos smartphones para os smart wearables. Ainda não rolou, mas estamos nos aproximando dessa transição.

No ano passado, vimos tentativas de tornar a computação perfeitamente integrada às nossas vidas. Imran Chaudhri, co-fundador da Humane, empresa do AI Pin, acredita que no futuro, os dispositivos não estarão no nosso rosto, como os óculos de realidade virtual e aumentada (RV e RA). A tecnologia será mais ambiental e contextual, apesar de ainda distante funcionalmente.

A invasão dos óculos inteligentes

A realidade estendida (RA/RV) e os óculos inteligentes desempenharão um grande papel na mudança para a computação sem tela. Essas tecnologias permitirão interagir com os computadores de forma mais envolvente e natural. A lente dos óculos, embora seja uma tela, oferece uma experiência integrada e intuitiva.

Os novos óculos inteligentes Ray-Ban da Meta superaram as vendas do modelo anterior em poucos meses. Concorrentes como Brilliant Frame e Solos, com ChatGPT, também estão ganhando espaço. Isso pode indicar uma preferência por essas tecnologias.

A transição para uma nova era

Em setembro do ano passado, surgiram notícias sobre o “iPhone da inteligência artificial”, desenvolvido por Jony Ive em parceria com a OpenAI. Com investimento de US$ 1 bilhão, poderia encapsular o modelo GPT-4o, lançado em maio deste ano, interagindo através da voz. O som poderia ser a nova interface revolucionária de interação com a IA.

Conversando com algumas pessoas, todas preferem interagir com as máquinas como interagimos com pessoas. As gerações mais jovens, especialmente a Geração Z e Alpha, mostram sinais de cansaço e desejam alternativas mais saudáveis e integradas. Elas estão abertas a tecnologias que oferecem conveniência sem a sobrecarga visual.

Fadiga de telas

A nossa atenção está sob ataque, causando estresse, irritação e dificuldade de dormir. A economia da atenção, onde a atenção humana se torna valiosa, está levando a um cansaço generalizado. Isso traz riscos à saúde, especialmente para os jovens da Geração Z e Alpha, que enfrentam problemas oculares devido à iluminação artificial das telas.

A falta de melatonina causada pela luz azul das telas afeta nosso ritmo circadiano. Olhar para telas diminui nossa empatia e criatividade. Nosso desempenho cognitivo também é impactado.

O futuro sem telas

A transição para um futuro sem telas é impulsionada pelo nosso cansaço e pela tecnologia que pode aliviar a fadiga digital. Com interações mais naturais e intuitivas, as barreiras entre realidade física e virtual podem cair, e a tela é uma delas.

Perguntas frequentes

É realmente possível um futuro sem telas?

Sim, com o avanço das tecnologias de voz e dispositivos vestíveis, é possível um futuro com menos dependência de telas.

Os óculos inteligentes substituem as telas tradicionais?

Em parte, sim. Eles oferecem uma experiência mais integrada e intuitiva, mas ainda estão em desenvolvimento.

Quais são os principais benefícios de menos tempo de tela?

Menos estresse, melhor saúde ocular, mais empatia, criatividade e desempenho cognitivo.

As gerações futuras preferem menos telas?

Sim, as gerações Z e Alpha mostram sinais de cansaço digital e preferem alternativas mais saudáveis e integradas.

Andréa Alves:
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