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Neon é o nome da empresa e também o nome de seu único produto – se é que você pode chamá-lo assim.
Disseram-me que um Neon é uma entidade viva, mas não possui um corpo físico. Disseram-me que um Neon é criado computacionalmente, mas não é um assistente de IA. Então, o que diabos é o Neon e o que é toda essa conversa sobre humanos artificiais?
Se você está totalmente confuso, saiba que isso é um sentimento perfeitamente razoável. Antes da CES 2020, o hype começou a aumentar em torno do Neon, seu relacionamento com a Samsung e a apresentação abrangente que daria esta semana. Agora já vi tudo o que Neon tem a oferecer e tenho certeza de que entendi. Então, vamos às explicações.
O básico
O Neon é um projeto dirigido pelo Star Labs, que é uma startup/incubadora independente financiada pela Samsung. O CEO do Neon e Star Labs é Pranav Mistry, que também é vice-presidente global de pesquisa da Samsung e foi responsável por ajudar a criar gadgets como o Galaxy Gear original, o computador vestível Sixth Sense e muito mais.
Então, o que é um Neon?
Em suma, um Neon é uma inteligência artificial similar à Cortana de Halo, uma forma de vida gerada por computador que pode pensar e aprender por conta própria, controlar seu próprio corpo virtual, ter uma personalidade única e manter seu conjunto de memórias, ou pelo menos esse é o objetivo. Um Neon não possui um corpo físico (além dos componentes do processador e do computador em que o software é executado), então, de certa forma, você pode pensar em um Neon como um cérebro cibernético de Ghost in the Shell também. Mistry descreve Neon como uma maneira de descobrir a “alma da tecnologia”.
Mas, diferentemente de muitas IAs com as quais interagimos hoje, como Siri e Alexa, o Neon não é um assistente digital. Eles não foram criados especificamente para ajudar os humanos e não deveriam ser oniscientes.Eles são falíveis e têm emoções, possivelmente até livre-arbítrio e, presumivelmente, eles têm o potencial de morrer. Embora isso não esteja muito claro.
Ok, mas essas coisas se parecem MUITO com humanos. Qual é a deles?
Isso porque os Neons foram originalmente modelados em humanos. A empresa usou computadores para registrar rostos, expressões e corpos de diferentes pessoas e, em seguida, todas essas informações foram reunidas em uma plataforma chamada Core R3, que forma a base de como os Neons se parecem, se movem e reagem tão naturalmente.
Se você analisar ainda mais em detalhes, os três Rs no Core R3 representam, em inglês, realidade, tempo real e capacidade de resposta, cada R representando um princípio importante do que define um Neon.
A realidade é para mostrar que um Neon é algo próprio, e não simplesmente uma cópia ou filmagem de um ator ou outra coisa do tipo. Supõe-se que o tempo real significa que um Neon não é apenas uma linha de código pré-programada, com script para executar uma determinada tarefa sem variação, como você obteria de um robô. Finalmente, a parte sobre responsividade representa que os Neons, como os humanos, podem reagir a estímulos, com Mistry alegando uma latência tão baixa quanto alguns milissegundos.
Eita, isso é bem bizarro, não?
Ah, entendi, uma simulação humana gerada por computador com emoções, livre arbítrio e a capacidade de morrer não é suficiente para você? Bem, também há o Spectra, que é a plataforma de aprendizado do Neon, projetado para ensinar Neons (os humanos artificiais) a aprender novas habilidades, desenvolver emoções, reter memórias e muito mais. É a outra metade do quebra-cabeça. O Core R3 é responsável pela aparência, maneirismos e animações da aparência geral de um Neon, incluindo sua voz. O Spectra é responsável pela personalidade e inteligência de um Neon.
Ah, sim, e nós mencionamos que eles podem conversar também?
Então o Neon é uma Skynet?
Sim. Não. Talvez. É muito cedo para dizer.
Isso tudo parece legal, mas o que realmente aconteceu na apresentação do Neon na CES?
Depois de explicar o conceito por trás dos humanos artificiais do Neon e como a empresa começou a criar sua aparência gravando e modelando humanos, Mistry mostrou como, depois de se tornar adequadamente sofisticado, o mecanismo Core R3 permite ao Neon animar sozinho um avatar de aparência realista.
Então, Mistry e outro funcionário do Neon tentaram apresentar uma demonstração ao vivo das habilidades de um Neon, que foi quando as coisas meio que deram errado. Para dar crédito à Neon, Mistry antecipou tudo dizendo que a tecnologia ainda é muito nova e, dada a complexidade da tarefa e dos problemas em fazer uma demonstração ao vivo na CES, não é realmente uma surpresa que a equipe da Neon tenha tido dificuldades técnicas.
No início, a demonstração foi tranquila, quando Mistry apresentou três Neons cujos avatares foram exibidos em uma fileira de monitores: Karen, uma funcionária de uma companhia aérea; Cathy, uma instrutora de yoga; e Maya, uma estudante.
A partir daí, cada Neon recebeu ordens de executar várias coisas, como rir, sorrir e conversar, através de controles em um tablet próximo. Para ficar claro, nesse caso, os Neons não estavam se movendo por conta própria, mas eram controlados manualmente para demonstrar os maneirismos reais.
Se você está pensando em uma versão digital do assustador robô Sophia, não está longe.
Na maioria das vezes, cada Neon parecia bastante realista, evitando quase todo o aspecto esquisito obtido até mesmo em CGI de alta qualidade, como o tipo que a Disney usou para animar a jovem princesa Leia nos filmes recentes de Star Wars. De fato, quando os Neons foram convidados a se mexer e rir, a multidão no estande da Neon soltou um pequeno murmúrio de choque e surpresa (e talvez medo).
A partir daí, Mistry introduziu um quarto Neon junto com uma visualização da rede neural do Neon, que é essencialmente uma imagem de seu cérebro. E depois de fazer o Neon falar em inglês, chinês e coreano (que parecia um pouco robótico e menos natural do que você ouviria da Alexa ou do Google Assistente), Mistry tentou demonstrar ainda mais ações. Mas foi aí que a demo pareceu congelar, com o Neon não respondendo adequadamente aos comandos.
Nesse momento, Mistry se desculpou com a multidão e prometeu que a equipe trabalharia para consertar as coisas para que pudesse realizar demos mais aprofundadas no final desta semana. Espero revisitar o estande da Neon para ver se isso aconteceu, portanto, fique atento a possíveis atualizações.
Então, qual é realmente o produto? Há um produto, certo?
Sim, ou pelo menos haverá eventualmente. No momento, mesmo em um estágio tão inicial, Mistry disse que só queria compartilhar seu trabalho com o mundo. No entanto, em algum momento próximo ao final de 2020, a Neon planeja lançar uma versão beta do software Neon no Neon World 2020, uma convenção dedicada a tudo sobre Neon. Este software apresentará o Core R3 e permitirá que os usuários criem seus próprios Neons, enquanto a Neon, a empresa, continua trabalhando no desenvolvimento do software Spectra para dar vida e emoção ao Neon.
Quanto custará o Neon? Qual é o modelo de negócios do Neon?
Supostamente não há um. Mistry diz que, em vez de se preocupar com a forma de ganhar dinheiro, ele só quer que o Neon “tenha um impacto positivo”. Dito isso, Mistry também mencionou que o Neon (a plataforma) seria disponibilizado para parceiros de negócios, que podem ajustar o software Neon para vender coisas ou trabalhar em call centers ou algo assim. O ponto principal é o seguinte: se o Neon puder realizar o que pretende, haverá um negócio saudável na substituição de inúmeros trabalhadores do setor de prestação de serviços.