Metaverso é usado em campanhas políticas pela primeira vez no Brasil

Ambiente virtual surge como novidade no processo eleitoral e cidadãos podem atuar como fiscais de possíveis infrações.


O uso de redes sociais tornou-se parte importante das campanhas eleitorais. Uma nova forma de usar as ferramentas virtuais é o metaverso, ambiente que amplia as possibilidades das campanhas, aproxima eleitores e candidatos e já tem sido usado por pré-candidatos a diferentes cargos no pleito deste ano.

Definido pelo Facebook como “o próximo passo na jornada de conexões sociais”, ele pode ser explicado como um ambiente que mescla realidade aumentada e ambiente virtual. O professor da UnB e especialista em tecnologia Vandor Roberto Vilardi Rissoli explica que o metaverso pode ser considerado como uma “realidade paralela”.

“É um conjunto de softwares em que você não tem uma empresa proprietária, um ambiente virtual bastante usado em tecnologia, onde as pessoas vão se cadastrar, criar o perfil, o avatar e começar a interagir, a participar, a pertencer a esse ambiente paralelo”, diz.

Uma das formas de uso do metaverso vem da educação. Alunos de medicina com óculos de realidade virtual, por exemplo, poderiam visualizar uma sala de aula, com o avatar de todos os estudantes e do professor e a representação de um coração real, em três dimensões. “A perspectiva não é só do campo político. Esse ambiente cada vez mais vai estar simulando e representando a realidade que a gente tem no nosso cotidiano”, diz Vandor.

O uso das ferramentas virtuais, de modo geral, pode atrair uma relevante participação de jovens eleitores. Campanhas que incentivaram o público entre 16 e 18 anos a tirar o título de eleitor proporcionaram um recorde nessa faixa etária. Entre janeiro e abril de 2022, o país ganhou 2.042.817 novos eleitores dessas idades, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período de 2018 e de 57,4% em relação ao mesmo período de 2014.

O metaverso, porém, deve, na avaliação de especialistas, chamar atenção, mas não tem potencial para ser um fator de grande impacto para o pleito. Segundo a pesquisa sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nos Domicílios brasileiros (TIC Domicílios) 2021, divulgada este mês, o Brasil ainda é um país com 35,5 milhões de pessoas sem acesso à internet. A porcentagem de domicílios com acesso à rede caiu entre 2020 e 2021 entre a população das classes B, C e D/E.

Fiscalização

Como em todo o processo eleitoral, há uma série de regras que devem ser cumpridas em ações de candidatos, independentemente do ambiente ser físico ou virtual. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) esclareceu ao R7 que possíveis infrações cometidas no metaverso podem ser avaliadas, desde que os casos sejam levados ao TSE por meio de representação proposta pelas partes legitimadas, como Ministério Público, candidatos, partidos políticos, coligações e federações.

“Cabe acrescentar que cidadãs e cidadãos podem atuar como fiscais de infrações praticadas durante a campanha eleitoral. É possível denunciar condutas irregulares por meio do aplicativo Pardal, disponível na Google Play e na Apple Store. As denúncias são encaminhadas ao Ministério Público Eleitoral (MPE) para apuração e poderão embasar representações movidas pelo órgão contra os infratores”, informa o TSE.

Há também o Sistema de Alerta de Desinformação, plataforma em que eleitores podem denunciar quaisquer práticas relacionadas à desinformação, como o recebimento de notícias falsas, descontextualizadas ou manipuladas sobre o processo eleitoral brasileiro.

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