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Maior exchange de criptomoedas do país mira expandir atuação rumo ao nicho dos bancos digitais, com funcionalidades como pagamento de contas e cartão pré-pago.
O Mercado Bitcoin lança nesta quarta-feira (11) sua mais nova empreitada, a conta digital Meubank.
A ideia da empresa, a maior corretora de criptomoedas do Brasil em volume diário de negociações, é expandir a atuação para o nicho dos bancos digitais, disponibilizando à clientela funcionalidades como pagamentos de contas e cartão pré-pago.
A nova plataforma – uma empresa nova, com sede, equipe e estrutura próprias – também terá integração com as carteiras de bitcoins e outras criptos, e, segundo sua própria definição, almeja ser um “shopping de investimentos alternativos”.
Esse é um segmento em que o Mercado Bitcoin já desponta – não só com moedas virtuais, mas também com tokens, as frações digitais de ativos reais, como títulos de precatórios, vendidas no varejo.
Agilidade e oportunidade
Outra virtude do Meubank, conforme as perspectivas da empresa, será proporcionar “conformidade com as exigências do Banco Central” e, ao mesmo tempo, evitar “a burocracia que as instituições tradicionais impõem com seus processos”.
O maior ganho deve ser uma redução no tempo das operações, explica Gustavo Chamati, sócio-fundador do Mercado Bitcoin. Enquanto hoje o cliente precisa esperar prazos de transferências que não raro duram um ou dois dias, no Meubank o processamento promete ser mais ágil.
Outra grande motivação, ele diz, é aproveitar oportunidades advindas das quedas na taxa básica de juros, a Selic, nos últimos quatro anos.
“Precisávamos de uma alternativa aos bancos tradicionais. Ao mesmo tempo, com a Selic a 4,25%, existe a necessidade de novas formas de melhorar o retorno sobre o capital investido”, ele explica.
Na visão dele, a novidade responde a uma demanda por simplificação na diversificação de portfólios, algo urgente, como mostram as recentes quedas de mercados após a propagação do coronavírus e o braço de ferro entre Arábia Saudita e Rússia em torno dos preços do petróleo.
Outro objetivo é simplificar o acesso ao ambiente cripto. “Para comprar e vender bitcoins, nossos clientes precisam aprender questões técnicas, como colocação de ordens e booking. Mas tem gente que não tem esse interesse. Com o Meubank, a gente facilita a interação”, diz Chamati.
“O movimento é de inicialmente sermos um processador de pagamentos do Mercado Bitcoin, mas o banco terá vida independente, e temos metas agressivas de conquista de novos clientes”, reforça Gleisson Cabral, CEO do Meubank.
No extremo, diz Chamati, a ideia é transformar a empresa em uma instituição de pagamento, “plugada” – direta ou indiretamente – ao Sistema de Pagamentos Brasileiro (SBP) e ao Pix, a nova rede de transações do Banco Central que promete disponibilizar transações em tempo real, 24 horas por dia, sete dias por semana, em oposição às limitações de horários dos atuais TED e DOC bancários.
Para quem preferir, a plataforma do Mercado Bitcoin continuará operando de maneira independente.
Novo banco digital já nasce grande
A novidade, antecipada com exclusividade pelo Valor Investe, começa a funcionar hoje e é fruto de uma parceria com a Gear Ventures, um fundo de investimentos em startups que será sócio do projeto.
Outra parceria, com a Matera, uma desenvolvedora de soluções em tecnologia e meios de pagamentos, visa fornecer a infraestrutura para suportar as transações. O Mercado Bitcoin conta ainda com a consultoria da empresa Xsfera para fazer do Meubank uma instituição de pagamentos.
A exchange será o primeiro cliente do Meubank – os depósitos e saques para adquirir ou vender criptomoedas passarão a ser realizados por meio da nova conta digital.
A ideia é que, nos próximos meses, os clientes da exchange ganhem contas no banco e, com isso, passem a gerir neles as carteiras de criptomoedas e a dispor de funcionalidades típicas de instituições monitoradas pelo Banco Central.
O Meubank já começa forte no time dos bancos digitais, que inclui empresas como Nubank, Banco Inter e C6. O Mercado Bitcoin tem 1,9 milhão de clientes, dos quais, segundo apuração, cerca de um terço são ativos.
Empresa está buscando profissionais
Além das questões técnicas, o novo Meubank tem uma demanda importante por formar uma equipe. “Nas próximas semanas, cerca de 50 pessoas devem ser contratadas”, explica Cabral.
A empresa está procurando candidatos, como designers e profissionais de tecnologia, em particular desenvolvedores mobile especializados em iOS e Android.