Igreja na Alemanha usa ChatGPT e avatares em culto para mais de 300 pessoas

ChatGPT lidera cerimônia luterana gerada por IA, deixando fiéis divididos entre curiosidade e ceticismo


Igreja de São Paulo, na cidade de Fuerth, na Alemanha, foi palco de um experimento inovador no último fim de semana, quando um chatbot de inteligência artificial assumiu o púlpito para liderar um serviço religioso luterano. Com um avatar de um homem negro barbado projetado em uma enorme tela acima do altar, o ChatGPT, conduziu a cerimônia quase inteiramente gerada por IA, deixando os fiéis divididos entre curiosidade e ceticismo.

Queridos amigos, é uma honra para mim estar aqui e pregar a vocês como a primeira inteligência artificial na convenção dos protestantes na Alemanha deste ano“, afirmou o avatar com uma expressão inexpressiva e uma voz monótona. A cerimônia de 40 minutos, incluindo sermão, orações e música, foi criada em colaboração entre o ChatGPT e Jonas Simmerlein, um teólogo e filósofo da Universidade de Viena.

Enquanto alguns fiéis se mostraram entusiasmados e gravaram o evento com seus celulares, outros demonstraram ceticismo em relação à presença da IA no contexto religioso. Heiderose Schmidt, uma profissional de TI de 54 anos, relatou sua experiência, afirmando que, embora estivesse inicialmente animada e curiosa, começou a se sentir desconectada à medida que o serviço avançava. “Não havia coração nem alma“, desabafou. “Os avatares não mostravam emoções, não tinham linguagem corporal e falavam tão rápido e monotonamente que era muito difícil para mim concentrar no que eles diziam.

Por outro lado, o experimento recebeu elogios de alguns participantes, como Marc Jansen, um pastor luterano de 31 anos. Jansen, que trouxe um grupo de adolescentes de sua congregação para a igreja, disse estar positivamente surpreso com o resultado. “Eu tinha imaginado que seria pior, mas fiquei impressionado com o quão bem funcionou“, revelou. No entanto, ele também destacou a ausência de emoção e espiritualidade, aspectos que considera fundamentais ao escrever seus próprios sermões.

Debate sobre o uso de IA fica cada vez mais comum

O debate em torno da incorporação da inteligência artificial em contextos religiosos tem sido acalorado. Enquanto alguns veem essa integração como uma maneira de atrair e engajar uma nova geração de fiéis, outros expressam preocupações sobre a falta de autenticidade e a desconexão emocional que podem surgir. Os defensores da IA argumentam que ela pode ajudar a facilitar a disseminação de mensagens religiosas e a tornar os serviços mais acessíveis.

Embora o uso de chatbots de IA em serviços religiosos seja relativamente novo, especialistas concordam que é importante encontrar um equilíbrio entre o uso da tecnologia e a preservação dos elementos humanos essenciais, como a empatia, a espiritualidade e a conexão pessoal. Enquanto alguns fiéis estão dispostos a abraçar a inovação, outros ainda preferem a experiência tradicional e humana de um sermão proferido por um pastor ou líder religioso.

O experimento em Fuerth levantou questões importantes e provocou reflexões sobre o papel da tecnologia na religião. Independentemente das opiniões divergentes, é inegável que a presença da inteligência artificial em serviços religiosos continuará a gerar discussões e a moldar a forma como as comunidades religiosas se adaptam às novas realidades tecnológicas do século XXI.

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