Nos últimos anos, o uso de aplicativos de namoro tem se tornado cada vez mais popular, mas também tem sido associado a um aumento nos casos de sequestro em São Paulo.

De acordo com a Divisão Antissequestro de São Paulo, em 2023, 96% dos casos de sequestro na cidade foram realizados por meio de aplicativos de namoro, como o Tinder, Inner Circle e Happn.

Essa modalidade de sequestro, conhecida como “golpe do amor”, é predominante em São Paulo e equivale a 96% dos casos. Em números absolutos, 2022 foi o ano com maior número de sequestros iniciados via app de namoro — 115 ao todo.

Os criminosos geralmente se passam por pessoas interessadas em um relacionamento amoroso e, após ganhar a confiança da vítima, marcam um encontro. Durante o encontro, a vítima é sequestrada e levada para um cativeiro, onde é mantida até que não haja mais dinheiro para tirar dela. Os criminosos não exigem resgate, o que torna o crime ainda mais difícil de ser rastreado. “[Em sequestros via app de namoro] O criminoso pode preparar a armadilha; ele controla tudo. Não é como ter de entrar em contato com a família e pedir dinheiro para libertar. É mais fácil”, explica Guaracy Mingardi, analista criminal e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A facilidade de acessar contas bancárias por aplicativos e a popularização dos apps de relacionamento alteraram o modus operandi das quadrilhas. A porcentagem mostra que o perfil dos sequestros em São Paulo mudou com o passar dos anos. Exatamente por isso, Guaracy acredita que os números devam ser ainda maiores. “Nem todo mundo presta queixa porque a pessoa fica com vergonha, acha que vai passar por trouxa. Se no caso do roubo simples a subnotificação é de 40%, imagina num golpe desses”, pondera.