O Galaxy Watch 3 foi lançado recentemente como parte do novo ecossistema Galaxy, que conta com o Galaxy Note 20 Ultra, o fone Buds Live – que você já viu por aqui – e os Galaxy Tab S7 e S7 Plus.
O relógio traz um leque completo de funções e design refinado, com a volta da coroa giratória, como seus principais destaques.
Como não houve um Galaxy Watch 2, este modelo é o sucessor direto do primeiro Galaxy Watch em design, mas sua referência mais clara é o Galaxy Active 2, anunciado no ano passado e ainda à venda. A Samsung nos cedeu o novo relógio para testes, e nessa análise você saberá se vale a pena comprar o mais novo relógio da gigante sul-coreana.
A diferença mais sensível entre o Galaxy Watch 3 e o Active 2 talvez seja o design. Seu design é mais social e robusto, com construção em aço inoxidável nas laterais e dois botões saltados do lado direito. A coroa giratória é mais alta que o vidro, o que dá mais sensação de durabilidade, e o display guarda algumas marcas de dedo.
A traseira é idêntica à do Active 2, com um círculo cromado e magnético com a inscrição Samsung Galaxy Watch e os sensores. A pulseira é feita em couro legítimo com costuras aparentes e tem 22mm de largura, e o feixe é tradicional e feito também em aço inox. É destacável e fácil de ser removida, e quem não se sentir à vontade com o couro pode trocar por outras de 22mm no material ou cor que preferir, e você vai lembrar disso na hora de treinar.
Testamos a versão de 45mm, mas a Samsung possui um modelo menor, de 41mm, que pode ser mais confortável para homens de pulsos mais finos e também para mulheres, já que a variante que usamos é bem robusta. Vale destacar que ele também é mais espesso que os relógios da linha Active, mas não fica pesado no pulso. Há aqui um equilíbrio entre tamanho e leveza.
Tela é sempre um ponto alto de dispositivos Samsung, e não seria diferente no Watch 3. O display AMOLED do relógio tem cores vívidas e pretos profundos, o que facilita enxergar o conteúdo mesmo sob sol forte e, para utilização em ambiente externo, mesmo 50% do brilho é capaz de oferecer visualização confortável
O display, que não tem curvas como no modelo esportivo da Samsung, conta com proteção Gorilla Glass DX e, no período de testes, não sofreu danos com arranhões ou batidas
O funcionamento aqui é idêntico ao do último relógio inteligente da Samsung, mas com algumas particularidades, que vamos explicando. Por aqui o sistema também é o Tizen, mas com mais RAM e armazenamento (1GB e 8 GB) que o modelo anterior. Há mais espaço para adicionar músicas em MP3 (se você souber o que é), aplicativos, playlists do Spotify e Watchfaces baixadas na Galaxy Store. Mas, no mais, é a mesma experiência de uso da interface.
Ao girar a coroa para a esquerda, você acessa as notificações e, para a direita, vai aos diversos widgets, que podem ser adicionados e customizados. O botão de cima é o Voltar e o de baixo acessa os aplicativos, e um toque longo pode definir funções, como acessar Spotify ou Samsung Pay.
E aqui a coroa giratória física faz sentido, diferente da coroa virtual do Active 2. Seu uso facilita a navegação e evita marcas de dedo no relógio. É possível passar por todas as funções do relógio pela coroa, guardando o toque apenas para selecionar a função que desejar, e isso dá a sensação de ser um relógio mais rápido e evita as marcas de dedo.
O Watch 3 pode ser controlado também pelo smartphone, através do aplicativo Galaxy Wearable, mas ainda precisa de outros dois apps para ter seu funcionamento completo: o Samsung Health e, no caso de proprietários de celulares Samsung, do Samsung Health Monitor, para medir a pressão arterial e fazer eletrocardiogramas, funções que estão disponíveis apenas para quem tem todo o ecossistema. Quem tiver um celular que não for Samsung precisa baixar todos esses aplicativos para obter o máximo possível do relógio, além do Watch 3 Plugin, todos disponíveis na Play Store ou App Store.
O relógio faz e recebe ligações, com volume alto (e ajustável), mas a recomendação é usar em emergências, quando o celular não estiver por perto e atender pelo relógio for a alternativa mais viável. Em conectividade, temos Bluetooth para pareamento com o próprio celular e fones de ouvido, NFC para pagamentos via Samsung Pay e conexão Wi-Fi. Nos nossos testes, percebemos que a perda de conexão entre celular e relógio aconteceu mais vezes no Watch 3, mesmo dentro da mesma casa: com algumas paredes de distância, o relógio se desconectava do celular.
Apesar de ser um relógio com design mais social, a Samsung apostou nas funções de saúde, que melhoram o já completo rastreamento de atividades esportivas. Por aqui temos medição de batimento cardíaco, sono, estresse, controle de saúde feminina, nível de oxigênio no sangue – que é ainda mais útil em tempos de pandemia – além de ECG e pressão arterial, aprovados pela Anvisa.
Sobre a última função, ela precisa de um medidor externo para gravar os dados e servir de referência para medir no relógio posteriormente. Fora essas funções, o relógio é capaz de monitorar 41 tipos de exercícios, desde de uma simples caminhada a yoga, passando por uma série de treinos específicos de academia, como abdominais, elevação lateral e levantamento de peso, o que faz do Watch 3 um companheiro inseparável para que usuários se mantenham ativos.
Em corridas, o GPS é preciso e rápido, e o relógio é capaz de perceber, após dez minutos de ritmo constante, que o usuário está correndo ou caminhando, e passa a monitorar sozinho a corrida contando o tempo já praticado, o que é ótimo para os esquecidos, e o aplicativo Strava embutido permite fazer as corridas por lá, embora a integração entre as corridas gravadas no relógio e Strava não seja intuitiva.
Entre os relógios que não são fabricados pela Apple, os da Samsung são os únicos que contam com a possibilidade de baixar aplicativos de terceiros oficialmente, e aqui há uma boa e uma má notícia. A Galaxy Store dá acesso a uma série de apps, mas nem todos funcionam bem. O Uber é um exemplo claro disso. Lento e com bugs constantes. Já o Spotify funciona de forma fluida, permitindo ouvir músicas, acessar e baixar playlists diretamente no relógio, obviamente com a ajuda de um fone de ouvido sem fio. Ele fica melhor para assinantes do plano Premium.
Além dos apps de terceiros, a loja conta com uma ampla gama de aplicativos da própria Samsung, como calendário, agenda, timer, controlador de câmera, e-mail, mensagens e galeria… a lista é longa. E, para quem possui um celular Samsung, os aplicativos ficam paerados e permitem usar menos o celular para ver notificações ou até mesmo desligar o despertador sem precisar pegar o smartphone. Por falar em integração, o mesmo vale para fones de ouvido: eles se conectam ao relógio e permitem sair para uma corrida ou treino sem usar o celular.
Chegamos aqui novamente ao Calcanhar de Aquiles do relógio. Em nosso padrão de uso nos testes, com notificações de e-mail, WhatsApp e Facebook ligadas, brilho em 60% e sem o Always on display ligado, a bateria aguentou pouco mais de dois dias, e caiu sensivelmente com o Always On ligado. O tempo é semelhante ao do Active 2 quando testamos o modelo no primeiro semestre.
Mas há outra má notícia aqui: não espere por carregamento rápido. Em nossos testes, foram necessárias mais de duas horas para que o Watch 3 recarregasse completamente, e o tempo é bem semelhante com o carregador magnético que vem na caixa ou na recarga sem fio. E, para quem optar por esse tipo, fica um alerta. Ele aceita recarga sem fio, mas não são todos os modelos que aceitam a função. Testamos em diferentes carregadores, até mesmo um modelo da Samsung, e ele só recarregou na power bank própria e nos celulares da marca (Galaxy S10 Plus, S20 Ultra e Note 20 Ultra).
Precisamos destacar que ainda é um tempo de autonomia melhor que o do Apple Watch, para efeito de comparação, mas ainda distante de modelos de Huawei ou Xiaomi, que permitem mais de uma semana sem precisar recarregar. Mas vamos repetir o que dissemos na análise do Active 2: o relógio, em algum momento, vai te deixar na mão.
O Galaxy Watch 3 é hoje o mais completo relógio inteligente não fabricado pela Apple, mas suas mudanças em relação ao Galaxy Active 2 são apenas estéticas, com um design menos esportivo e mais próximo do social. Em funções, apenas a medição de oxigênio no sangue não está presente no modelo mais antigo. No mais, a experiência é a mesma, incluindo a baixa autonomia de bateria.
Aqui é uma escolha pessoal, de estilo. Mas também de preço. O Galaxy Watch 3 foi lançado com preços entre R$ 2799 e R$ 2999, com voucher para compra de produtos do ecossistema Samsung, ou poderia ser adquirido com um grande desconto na compra de um Galaxy Note 20 ou Note 20 Ultra. O relógio anterior pode ser adquirido, no site da própria Samsung com preços bem mais convidativos, e você terá as principais funções, incluindo ECG e pressão arterial.
Então a resposta é muito particular. Se o seu estilo é mais sóbrio e social, e se você estiver disposto a gastar mais para manter esse estilo, apostar no Galaxy Watch 3 é uma ótima pedida. Se a ideia é ter o melhor da Samsung no pulso e economizando, o Active 2 cumpre seu papel com excelência.