Uma fabricante chinesa de baterias para veículos elétricos pouco conhecida, mas de rápido crescimento, agora tem mais bilionários na lista da Forbes do que qualquer outra empresa pública.
Nove bilionários que têm fortunas de US$ 1 bilhão ou mais com base em suas participações na Contemporary Amperex Technology (conhecida como CATL). As ações da empresa, que fornece baterias para montadoras incluindo BMW, Volkswagen e Mercedes-Benz, dispararam mais de 150% no ano passado, com o aquecimento da demanda por veículos elétricos. O fundador e presidente da CATL, Robin Zeng, de 52 anos, é agora a 47ª pessoa mais rica do mundo, valendo US$ 32,5 bilhões, mais do que o triplo da fortuna de US$ 9,7 bilhões que ele acumulava em março de 2020, quando a pandemia Covid-19 quebrou o mercado. Zeng detém cerca de 25% da empresa.
Outros executivos da CATL também alcançaram grandes fortunas. Os vice-presidentes Huang Shilin e Li Ping possuem patrimônios líquidos de US$ 14,7 bilhões e US$ 6,6 bilhões, respectivamente; o primeiro investidor, Pei Zhenhua, que comprou sua participação em 2015, vale cerca de US$ 8,5 bilhões. Zhao Fenggang (a US$ 2,4 bilhões), Wu Kai (US$ 2,3 bilhões), Wu Yingming (US$ 1,9 bilhão), Chen Qiongxiang (US$ 1,8 bilhão) e Chen Yuantai (US$ 1,3 bilhão) saltaram para a lista de bilionários pela primeira vez em 2021. Quatro dos cinco ocupam cargos de gestão na CATL, enquanto Chen Qiongxiang é um dos investidores mais antigos.
A quantidade de riqueza produzida – juntas, as nove pessoas valem US$ 72 bilhões – é um feito impressionante para uma empresa de uma década. A Forbes registrou oito bilionários das gigantes da tecnologia Google e Facebook, enquanto o varejista Walmart também produziu oito bilionários – sete dos quais são descendentes do fundador Sam Walton e de seu irmão Bud Walton. Alguns conglomerados familiares – como a gigante da agricultura Cargill – geraram mais bilionários devido ao grande número de herdeiros, mas entre as empresas de capital aberto apenas uma outra empresa, a fabricante chinesa de molho de soja Foshan Haitian Flavoring & Food, colocou nove pessoas no ranking da Forbes de bilionários.
Robin Zeng, um ex-engenheiro de uma fabricante de componentes eletrônicos, entrou no negócio abrindo uma produtora de baterias de íon de lítio chamada Amperex Technology Limited (ATL), em 1999. (Não está claro de onde ele conseguiu capital para lançar ATL.) A empresa se especializou na fabricação de baterias recarregáveis para eletrônicos, como celulares e laptops, e supostamente forneceu baterias para iPods, iPads e Macbooks da Apple. Zeng criou a CATL em 2011 como uma derivada da ATL para se concentrar em baterias automotivas. A companhia fechou uma parceria para fornecer baterias para a BMW um ano depois.
Como a China está cada vez mais voltando sua atenção para o desenvolvimento de indústrias de energia limpa, a CATL teve a ajuda do governo. A partir de 2015, o governo chinês manteve uma lista de fornecedores de baterias recomendados, que incluía mais de 50 empresas nacionais – enquanto pesos pesados estrangeiros como LG e Samsung foram excluídos. As montadoras que usaram os fornecedores de baterias recomendados para seus veículos elétricos se qualificaram para subsídios do governo, abrindo caminho para o surgimento de mais empresas como a CATL. A lista foi descartada em 2019, um ano após a estreia da CATL na Bolsa de Valores de Shenzhen. A empresa atribui seu sucesso à sua “direção estratégica, investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento, produtos e serviços confiáveis, bem como a capacidade de integrar a cadeia da indústria”, disse um representante da CATL em um comunicado.
Aproveitando a crescente riqueza da China, que agora é o maior mercado de veículos automotivos e elétricos do mundo, a CATL expandiu agressivamente suas capacidades em fabricação e pesquisa e desenvolvimento. Em 2018, de todos os novos veículos elétricos de passageiros vendidos no mundo, 13% da capacidade total de bateria era fornecida pela CATL, de acordo com a empresa de pesquisa e consultoria Adamas Intelligence. Em 2020, a CATL detinha 22% do mercado, ao quadruplicar sua capacidade total de baterias instaladas em carros elétricos novos. Só a LG Energy Solutions, com 28% do mercado, supera a empresa, segundo a Adamas Intelligence. A IHS Markit estima que cerca de 2,5 milhões de veículos elétricos foram vendidos globalmente em 2020.