Durante uma entrevista na conferência DealBook na quarta-feira, Elon Musk fez piadas nervosas sobre si mesmo e suas empresas.
Porém, a conversa logo se voltou para seus recentes tuítes antissemitas no Twitter (agora chamado de X) e se sua empresa sobreviveria à fuga de anunciantes.
Sobre esse assunto, Musk parecia ao mesmo tempo arrependido e desafiador – reconhecendo seus erros, mas depois fazendo pouco caso dos anunciantes. “Espero que eles parem. Não anunciem”, disse Musk. “Se alguém tentar me chantagear com publicidade, com dinheiro, vá se f*der”. Ele destacou que o CEO da Disney, Bob Iger, havia dito mais cedo que não queria que a Disney fosse associada a Musk.
Musk alertou que se os anunciantes não retornarem, o “boicote publicitário vai matar a empresa”. Ele parecia quase resignado com essa possibilidade, como se o Twitter fosse um mártir e os anunciantes o inimigo. “Isso é o que todos na Terra saberão. Nós vamos embora e isso vai desaparecer por causa de um boicote de anunciantes”, afirmou.
Essas declarações vieram depois do que parecia ser uma tentativa de reparar os danos de ter chamado um tuíte antissemita de “verdade real” há duas semanas. Desde então, mais de 100 marcas suspenderam anúncios no Twitter, com estimativas de perdas de US$ 75 milhões até o fim do ano.
“Em retrospecto, não deveria ter respondido àquela pessoa”, admitiu Musk. Ele culpou a mídia por não noticiar seus esclarecimentos e pediu desculpas. “Basicamente, entreguei uma arma carregada para aqueles que me odeiam e possivelmente para antissemitas, e sinto muito por isso. Essa não foi minha intenção.”
Porém, mesmo tentando explicar que entre dezenas de milhares de tuítes, acaba falando “bobagens”, Musk insistiu que não estava em “turnê de desculpas”. Disse que sua recente visita a Israel não foi resposta às críticas e que não se importava com o desprezo que sofria. Depois, deu uma explicação confusa sobre acreditar que o povo judeu estaria financiando grupos para “aniquilá-lo” – o que só reforçou a teoria conspiratória antissemita.
Enquanto isso, a CEO do Twitter, Linda Yaccarino, fez um pronunciamento destacando a “liberdade de expressão” da plataforma e agradecendo aos “parceiros” que ainda acreditam no trabalho da empresa.
A longa entrevista foi repleta de divagações de Musk, que falou o triplo do tempo dos outros convidados. Porém, questões cruciais como o êxodo de anunciantes e o impacto das próprias ações de Musk pareciam suscitar as respostas mais indiferentes. Ele não demonstra se importar com essas consequências.