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A importância de priorizarmos de forma estratégica a pauta da inovação no Brasil é cada vez mais evidente e crucial.
Hoje um dos maiores riscos para a implementação de uma agenda digital efetiva no país é a ‘e-burocracia‘, ou seja, a substituição da burocracia convencional pela burocracia digital.
O relatório sobre e-government produzido pela ONU analisa e demonstra de forma clara esse problema no Brasil. Apesar de termos uma posição relevante no ranking de países que já digitalizaram serviços públicos e apresentarmos uma quantidade razoável de programas disponibilizados na internet – só o Governo Federal já digitalizou mais de 1.700 políticas públicas –, a qualidade desses serviços deixa muito a desejar.
O relatório reforça desafios em relação à experiência do usuário, proteção e políticas de privacidade dos dados e eficiência operacional do sistema.
O nível de expectativas da população e da experiência digital continuará aumentando. A verdade é que hoje além das compras pela internet ou da entrega de comida pelo aplicativo, também queremos o governo em um fácil acesso em nosso celular.
Esta é uma tendência que não será revertida. Somos o terceiro país do mundo em número de usuários do Facebook e segundo no Instagram. Entre os jovens de 18 a 35 anos, 85% usam a internet. O Brasil é, então, um dos países mais conectados do mundo. Sendo assim, imagine o volume de dados que esse “trânsito” produz.
Imagine a quantidade de informações nascendo e circulando, assim como a oportunidade do desenvolvimento de novos produtos e mercados. No entanto, para tudo isso acontecer precisaremos cada vez mais de profissionais que saibam lidar com tecnologia e a má notícia é que, infelizmente, temos um grande desafio nesse último quesito.
Estudo recente que o BrazilLAB lançou sobre Transformação Digital no Brasil mostra que, ainda em 2019, teremos 160 mil vagas abertas na área de tecnologia sem profissionais capacitados para atender à demanda. Ou seja: 160 mil vagas que não serão preenchidas.
Falar de vagas não preenchidas em um momento onde o nível do desemprego no Brasil atinge mais de 13 milhões de brasileiros e a projeção do crescimento do PIB vem escorregando e sendo revisada praticamente toda semana é alarmante. Existe um grave descompasso entre a oferta e a demanda e esta questão precisa ser priorizada.
O Brasil precisa urgentemente formar profissionais em tecnologia. Afinal, se a proporção de profissionais na área não crescer, a modernização do país será limitada e o próprio governo será afetado da mesma forma que a esfera privada.
O Brasil tem então dois caminhos – ou nos tornamos protagonistas dessa agenda e a implementamos de forma eficiente e com foco no cidadão, ou nos mantemos como o país mais burocrático do mundo, agora também na internet. O risco da e-burocracia não pode ser menosprezado.
Países como exemplo
Experiências bem-sucedidas em países como a Estônia, Uruguai, Índia, Israel e China e demonstraram que a digitalização de serviços públicos em diferentes áreas como saúde, educação, segurança pública, identidade digital, entre outras, é uma estratégia extremamente importante para o crescimento econômico e social de uma nação.
A Estônia, por exemplo, foi um dos principais destaques. Apesar de ser um país pequeno, principalmente quando comparado ao Brasil, com apenas 13 milhões de habitantes, definiu como estratégia principal de governo utilizar a tecnologia para combater a pobreza e multiplicou mais de 7 vezes o seu PIB per capita de US$ 2.832 em 1992 para US$ 19.840 em 2017.
Hoje, só existem três coisas que você não pode fazer na Estônia pela internet: casar, divorciar e vender um imóvel. O preenchimento do formulário para cálculo do imposto de renda demora somente quinze minutos, visto que todos os dados estão integrados em um único banco de dados. O ressarcimento do imposto é feito em até três dias úteis.