Cientistas imprimem tecido de fígado humano em desafio da NASA

TEL AVIV, ISRAEL - APRIL 15: A 3D printed heart made from human tissue is processed in Prof. Tal Dvir's laboratory in Tel Aviv University on April 15, 2019 in Tel Aviv, Israel. Israeli scientists in Tel Aviv have created a human heart that completely matches all the anatomical properties of a human patient, using a 3D printer. This is believed to be the first time an entire heart with cells, blood vessels, ventricles and chambers has been reproduced in this way. (Photo by Amir Levy/Getty Images)

Como parte do Vascular Tissue Challenge da NASA, cientistas conseguiram imprimir e desenvolver, com sucesso, tecidos do fígado humano em laboratório.


 

Inclusive, esse conjunto de células hepáticas se manteve em funcionamento por 30 dias. Agora, eles terão a oportunidade de continuar a pesquisa lá na Estação Espacial Internacional (ISS) e deverão avançar na compreensão do corpo humano quando exposto à microgravidade.

Em 2016, a NASA lançou o desafio para encontrar pesquisadores que pudessem “desenvolver um tecido de órgão humano espesso e vascularizado, em um ambiente in vitro, para avançar na pesquisa e beneficiar a medicina tanto em missões de longa duração quanto na Terra”, de acordo com a descrição divulgada sobre a iniciativa. Passados cinco anos, a agência espacial encontra as duas primeiras equipes vencedoras — ambas compostas por cientistas do Instituto Wake Forest de Medicina Regenerativa (WFIRM), na Carolina do Norte — e ainda busca um terceiro lugar.

Pesquisas para a produção de tecido hepático em laboratório

No desafio da NASA, a equipe a alcançar o primeiro lugar foi a Winston e receberá como estímulo para a pesquisa um prêmio de US$ 300.000,00 (cerca de 1,5 milhão de reais), além da oportunidade de continuar o trabalho na ISS. Em segunda lugar, ficou a WFIRM — com nome homônimo ao da universidade — e que receberá a quantia de US$ 100.000,00 (cerca de 512 mil reais). Por mais que ambos os times tenham alcançado o objetivo do projeto, duas abordagens diferentes foram usadas nos projetos.

Em comum, as duas equipes usaram tecnologias de impressão 3D para criar os tecidos hepáticos e também conseguiram manter a estrutura operando por 30 dias, como se estivesse viva, mas divergiram nos materiais usados para a impressão. O principal desafio foi projetar uma forma para que esse conjunto de células conseguisse sobreviver por tanto tempo. Para isso, os grupos precisaram descobrir como disseminar os nutrientes e o oxigênio, além de remover os resíduos produzidos durante as atividades celulares. No organismo, esse processo é feito pelos vasos sanguíneos e é conhecido pelo nome de perfusão.

No final, as duas equipes conseguiram fazer com que os nutrientes fluíssem por vasos sanguíneos artificiais sem vazar, superando esta barreira. “Quando a NASA começou este desafio em 2016, não tínhamos certeza se haveria um vencedor”, explicou Jim Reuter, pesquisador da NASA, em comunicado. “Será excepcional ouvir sobre o primeiro transplante de órgão artificial um dia e pensar que esse desafio da NASA pode ter desempenhado um pequeno papel em fazê-lo acontecer”, completou.

Impressão de tecidos humanos no espaço pode ser uma realidade?

“Estamos muito otimistas sobre as construções de tecido ocorrerem [agora] no espaço e esperamos que se comportem de forma semelhante [ao modo como se comportam na Terra]”, explicou James Yoo, professor da WFIRM e membro da equipe vencedora Winston. No entanto, a tecnologia ainda precisa ser aperfeiçoada e fatores, como a microgravidade e a radiação espacial, podem alterar, em algum grau, o desenvolvimento dos tecidos.

Nesse caos, o experimento na ISS será fundamental para avançar a compreensão sobre o tema. “O potencial para estudar mais essa tecnologia no espaço é realmente empolgante”, afirmou Robyn Gatens, um dos diretores da ISS. “Um dos benefícios desse desafio para a exploração espacial é a criação de órgãos análogos que poderíamos usar para estudar os efeitos ambientais do espaço profundo, como radiação e descondicionamento da microgravidade”, afirmou

“Enquanto nos preparamos para ir à Lua com o programa Artemis e, um dia, ao planeta Marte, precisaremos desenvolver estratégias para minimizar os danos às células saudáveis ​​dos astronautas e mitigar os efeitos negativos”, explica Gatens. Nesse cenário, os órgãos artificiais podem funcionar como um ensaio dos desafios que os astronautas precisarão contornar para se manterem saudáveis durante e após as viagens.

João Pedro:
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