Eles são minúsculos, mas funcionam como um fígado normal e podem ser o futuro dos transplantes hepáticos.
Depois que cientistas israelenses imprimiram o primeiro mini-coração 3D usando tecido humano, chegou a hora do Brasil entrar em cena. Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) usaram células sanguíneas humanas para desenvolver organóides hepáticos — em português claro, mini-fígados.
Os mini-órgãos fazem as mesmas funções que um fígado normal: sintetizam proteínas, armazenam e secretam substâncias exclusivas do órgão, como a albumina. Mas a sua aparência é bem diferente de um órgão tradicional.
Para produzir os fígados, os cientistas utilizaram amostras de sangue de três voluntários. As células sanguíneas são reprogramadas para se tornarem pluripotentes, ou seja, poderem se “transformar” em qualquer outro tecido humano (uma característica típica das células-tronco). Elas se diferenciam em células hepáticas e são misturadas à biotinta da impressora.
A grande inovação do grupo de brasileiros está em como incluir essas células na tinta. Normalmente, as impressoras 3D costumam imprimir células individualizadas, o que acaba prejudicando o contato entre elas e fazendo com que percam a funcionalidade.
Os pesquisadores desenvolveram uma técnica que agrupa as células antes de serem misturadas na biotinta, formando pequenos esferóides. Esses agrupamentos de células garantem que o contato entre elas não seja perdido. Assim, o órgão é capaz de funcionar por muito mais tempo.