Empresa ajuda a construir softwares com acessibilidade e ainda promove a conscientização sobre o tema.
A tecnologia facilitou o jeito de pedir taxi, reservar um hotel, pesquisar preços de qualquer produto e até marcar consultas médicas. Mas tem uma coisa que, mesmo tendo tecnologia disponível, ainda está longe do ideal: a acessibilidade.
Não que falte tecnologia para facilitar a vida de quem não escuta ou não vê, por exemplo. Falta mesmo é aplicar o que temos disponível. Quem diz isso é a Virgínia Chalegre, da T-access, uma empresa que faz projetos e testes de acessibilidade para softwares.
A Virgínia percebeu a dificuldade dessas pessoas quando estava cursando mestrado em Ciência da Computação, em 2009, e participou de um teste de acessibilidade. Ela presenciou pessoas usando o leitor de telas.
Para quem não conhece, é um software que narra textos e imagens que estão na tela do computador. Essa leitura é feita em uma velocidade enorme, quem não está acostumado não consegue entender nada. “’Percebi que a única deficiente era eu”, conta. Ela começou a se interessar pelo tema e entendeu que precisava falar sobre o assunto. Em 2011, ela abriu a T-access.
A empresa não faz somente trabalhos para acessibilidade. O produto principal é o teste de funcionalidade de softwares. Mas a preocupação da Virgínia é sempre oferecer não só a verificação da funcionalidade, mas também a adaptação do produto para torná-lo acessível e, assim, promover a inclusão digital.
Porém, segundo ela, a preocupação com acessibilidade ainda não faz parte da cultura de muitas empresas. Por isso, a primeira missão da Virgínia é convencer os clientes do que é atender pessoas com deficiência.
No censo de 2010 realizado pelo IBGE, 45 milhões de pessoas declararam que têm algum tipo de deficiência. Já pensou que você pode estar deixando de atender algumas delas por não ter um software ou um site acessível?
Uma questão que deve ser levada em conta é: será que é possível atender à demanda de pessoas cegas e surdas, por exemplo, sem tê-las na equipe?
Olha só essa experiência. A T-access, em parceria com a Agência Zíriga, empresa de marketing digital e conteúdo comandada por Eduardo William, fez um vídeo que mostra pessoas com deficiência visual acessando alguns sites e as dificuldades que tiveram. Em um dos depoimentos, a pessoa não conseguia finalizar uma compra porque não conseguia colocar os números do cartão.
Na equipe que desenvolveu os sistemas dos sites acessados, provavelmente não havia nenhuma pessoa com deficiência visual. Por isso, alguns pontos que poderiam ser problemáticos não foram notados.
Não é por mal, mas sim porque não é fácil nos colocarmos no lugar dos outros. Por isso, testes como esse realizado pela T-access e mostrado no vídeo são fundamentais.
Além do serviço, a Virgínia também oferece cursos para pessoas com algum tipo de deficiência e promove eventos para falar do assunto. Um dos eventos mais recentes aconteceu em setembro, em Recife, e promoveu palestra e oficinas para pessoas com deficiência e também para a conscientização.
Olhando para essa história e para o trabalho que a Virgínia faz, podemos pensar: nós temos em mãos uma série de tecnologias que podem ajudar na inclusão dessas pessoas na educação, por exemplo. Um setor cheio de obstáculos para quem precisa de assistênciae no qual a inclusão é fundamental.O desafio é entender como usar todas as ferramentas na prática da melhor forma.
Fonte: PEGN