Desde os primórdios da humanidade, somos atraídos pelo negativo. É um instinto primal evolutivo – precisávamos saber dos perigos para sobreviver. Infelizmente, esse instinto ainda persiste, mesmo quando o perigo é mínimo.
Os jornais aproveitam essa tendência humana. Notícias de crimes, desastres e tragédias vendem mais. Brasileiros prestam mais atenção em notícias negativas, mostra estudo. Editores justificam a cobertura sensacionalista alegando que é o que o público quer.
Mas será que é uma desculpa válida? A dose faz o veneno. Uma cobertura balanceada é essencial para a saúde mental dos leitores. Mas o foco excessivo no negativo causa ansiedade, medo e depressão no longo prazo.
Além disso, a visão distorcida da realidade criada pela mídia leva ao chamado “viés do medo”. As pessoas superestimam riscos raros como terrorismo ou sequestro, enquanto ignoram ameaças reais como doenças cardíacas.
Os jornais precisam equilibrar o instinto negativo com responsabilidade social. A informação é essencial, mas o alarmismo não. Pautas positivas devem ter mais espaço. A mídia deve educar, não apenas chocar.
A solução está em nossas mãos, como consumidores. Precisamos sinalizar que queremos mais histórias construtivas. E escolher veículos com cobertura balanceada, não sensacionalista.
Com mais consciência, podemos curar nosso vício coletivo em más notícias. E criar uma cultura que foca no positivo sem ignorar os problemas reais. É um desafio difícil, mas essencial.
Por Arnaldo Alves.