‘Médico’ e personal: Apple Watch 8 é ótimo, mas tem grandes defeitos

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Smartwatches (relógios inteligentes) fazem parte daquele tipo de dispositivo que muita gente não entende a utilidade até, de fato, usar um com frequência.


Obviamente isso se aplica aos incensados modelos da Apple, cujas versões mais recentes, a segunda geração do Watch SE, o Watch Series 8 e o Watch Ultra (para esportes radicais), acabaram de chegar ao Brasil.

Os preços começam em R$ 3.999, R$ 5.299 e R$ 10.299, respectivamente. No caso do Watch Series 8, o protagonista deste review, ele traz mudanças pontuais em relação ao seu antecessor. A mais relevante delas — ou, ao menos, a que tende a ser mais usada — são os sensores de temperatura. Eles podem indicar um estado febril, por exemplo, além de facilitar o acompanhamento do ciclo menstrual de mulheres.

Um recurso que chamou a atenção durante o lançamento que é um “simples” relógio agora ele é capaz de detectar se o seu usuário sofreu um acidente de carro e automaticamente chamar um serviço de emergência, graças a melhorias realizadas no giroscópio e no acelerômetro do aparelho. Confira a seguir a análise completa do smartwatch da Apple, que testei por quase duas semanas. ‘Médico’ e personal trainer de pulso Tenho testado smartwatches de diferentes empresas e o modelo da Apple, de longe, se mostra entre os mais práticos de ser usado.

A interface do Watch Series 8 é bem intuitiva. Os aplicativos (como de relógio, monitor de batimentos cardíacos e outro de atividades físicas) ficam distribuídos em pequenas bolinhas na tela, sensível ao toque. Quem já usou um iPhone vai notar que o relógio segue um padrão Apple de design.

É possível personalizar mostradores de hora, elencar funções favoritas e dar outros toques pessoais. A navegação por menus se dá tanto pela tela quanto pela coroa rotativa (tradicional em relógios tradicionais).

Um dos modelos de visualização de hora do Apple Watch 8 Imagem: Rodrigo Lara/Tilt

Como ocorre com outros relógios inteligentes, as estrelas do Watch Series 8 são as funções de controle de saúde e de acompanhamento de atividades físicas.

No primeiro quesito, destaca-se a facilidade — e aparente precisão — com a qual o relógio faz medições de pulsação, oxigenação de sangue e até eletrocardiograma. Ele também pode lembrar o usuário de que está na hora de tomar um remédio ou dar alertas caso algum dos parâmetros medidos exijam atenção.

Aqui vale uma ressalva: os dados de saúde são interessantes e ajudam o usuário a ter mais informações sobre ele, mas eles não servem como diagnóstico médico. Se você notar algo fora do normal, procure atendimento especializado.

As funções esportivas também merecem destaque, tanto pela variedade disponível de cara: 20 modalidades predefinidas. E existem outras que ficam “escondidas” na parte inferior do menu.

Alguns exemplos são:

Caminhada (ao ar livre ou interna)CorridaBicicleta (interna ou externa)DançaHIITYogaNado (em piscina ou águas abertas)Trilha

Durante o teste do relógio, desci para a quadra do meu prédio para jogar basquete, uma atividade que faço (ou, ao menos, tento) diariamente. A decepção de não achar ela de cara no menu do Watch Series 8 foi substituída por surpresa ao acessar esse “menu secreto” de atividades.

Não apenas tinha basquete como também dezenas de outras opções menos convencionais, como pesca e lacrosse.

E mesmo se você não achar a sua modalidade preferida, ainda há opção de criar uma.

O que é interessante aqui é que a função esportiva aliada ao resumo de atividades diárias do relógio meio que “gamificam” o hábito de se exercitar, seja por meio de gráficos bonitinhos ou mensagens de incentivo que pipocam em forma de notificações na tela do relógio e do seu smartphone. Acaba sendo um bom incentivo para quem quer sair do sedentarismo.

Mais atenção às mulheres

As mulheres cisgênero ganharam uma atenção extra da Apple com o Watch Series 8.

A partir de seus sensores de temperatura corporal (feito ao se usar o relógio durante o sono), é possível monitorar dados para auxiliar no melhor controle do ciclo menstrual.

Nesse processo, algoritmos conseguem estimar com mais precisão o período fértil (que pode ajudar no planejamento familiar) e quando será a próxima menstruação (se o ciclo for mais regular).

É uma função bem-vinda, especialmente em um gadget que, tradicionalmente, não trazia funções exclusivas para esse público — exceção feita às opções de tamanho, com variações menores que ficam mais confortáveis em pulsos mais finos.

Mais acertos do Apple Watch 8

1. Fácil de usar

O processo de configuração do relógio foi bem rápido durou pouco mais de dez minutos.

O pareamento (quando dispositivos se conectam com outros) com o celular depende apenas de você colocar os dois aparelhos próximos. A partir daí, a configuração se dá de forma praticamente automática, bastando que você escolha as opções desejadas.

2. Várias opções de aplicativos

O relógio, inclusive, baixa versões compatíveis dos apps que você tem no iPhone, por exemplo. Como queria uma experiência mais “pura”, acabei desinstalando parte desses aplicativos por meio do app Watch no meu telefone.

De qualquer forma, a compatibilidade do dispositivo com vários aplicativos dá versatilidade. Se a pessoa quiser, ela pode ir direto na loja de apps fazer o download de mais programas para usar com o relógio.

Erros do Apple Watch 8

Até aqui só elogios ao relógio da Apple, não? Apesar de ser um ótimo smartwatch, ele tem defeitos.

1. Só funciona com iPhone

O maior deles é que a linha de relógios da Apple só funciona com o iPhone, já que não há qualquer possibilidade de conexão, mesmo limitada, com aparelhos Android.

Ou seja: se você não tem um celular da marca e gostaria de usar o relógio… não gaste seu dinheiro.

Ok, é uma decisão estratégica para manter os produtos dentro de um mesmo ecossistema. Mas isso não deixa de ser um fator de restrição para muitos consumidores.

2. Bateria dura pouco

Bateria do Apple Watch Series 8 dura em média um dia completo Imagem: Rodrigo Lara/Tilt

O problema é quase uma marca dos relógios da Apple: a bateria dura pouco. Se você deixar o relógio com todas as funções ativadas, como o modo “sempre ligado” da tela, basta o uso de um dia para você ter que deixar ele carregando por alguns minutos.

Há o modo econômico de bateria, mas ele acaba limitando funções do aparelho para manter o aparelho ativo. Neste caso, a tela sempre ativa fica desligada, além dos sensores de medição de batimento cardíaco e oxigenação.

A “conversa” em segundo plano entre ele e o iPhone também fica limitada. Essa baixa autonomia da bateria acaba batendo de frente com a proposta do aparelho de ser algo que você usará a maior parte do tempo no pulso.

Outros modelos do mercado já possuem baterias que duram mais de uma semana.

3. Pulseira

A pulseira do modelo testado me incomodou bastante. Não que ela seja desconfortável, mas prender o relógio no pulso foi uma tarefa que levou um tempo de adaptação para mim. Não é tão simples de ser feito se compararmos a um fecho padrão de relógio.

É um daqueles momentos que um produto Apple tenta reinventar a roda, mas o resultado acaba não sendo tão positivo na minha visão.

O modelo que testei veio com a chamada pulseira esportiva. Ela é feita de fluorelastômero para ser resistente e macia, segundo a fabricante. O fecho é em forma de pino.

Vale o investimento?

O maior mérito do Apple Watch Series 8 é ser um smartwatch que une dois mundos quase que distintos: ao mesmo tempo que ele traz funções robustas, ele é simples de usar e não parte do pressuposto que você terá tempo e disposição para se aprofundar em tutoriais e se dedicar a configurações.

O problema maior aqui está no pacote de novidades do aparelho, que praticamente se resume aos sensores de temperatura e giroscópio e acelerômetro aprimorados.

Fora esses dois pontos, ele é praticamente idêntico ao Watch Series 7, e isso implica em um ponto positivo e outro negativo. O positivo é que, bem, o Watch Series 8 herda tudo de bom do antecessor, que é um modelo repleto de qualidades e bastante completo.

O lado ruim é que, se considerarmos um panorama mais amplo, há poucos motivos para se gastar os R$ 5.299 cobrados pelo lançamento de 2022 quando se é possível encontrar o Watch Series 7 por menos de R$ 3 mil em varejistas.

A compra da oitava geração do relógio da Apple valeria a pena em alguns pontos:

  • Mulheres que querem ter mais dados de acompanhamento do ciclo menstrual.
  • Quem tem versões antigas do Apple Watch e quer um upgrade.
  • Quem ficará com o relógio por bons anos e se interessa pela possibilidade de o dispositivo detectar acidentes.
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