IFB de Planaltina vai eliminar agrotóxicos e transgênicos no câmpus

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Alunos e professores de agroecologia se uniram para reduzir uso de produtos nocivos à saúde no cultivo de alimentos.


O câmpus de Planaltina do Instituto Federal de Brasília (IFB) está desenvolvendo uma iniciativa para reduzir o consumo e uso de alimentos produzidos a partir da aplicação de agrotóxicos e transgênicos – organismos manipulados geneticamente, visando favorecer características desejadas –, tornando a área livre dos produtos químicos. A pesquisa foi provocada por diversas solicitações de alunos do ensino superior e também de professores do curso de tecnologia da agroecologia.

As reivindicações foram apresentadas pelo presidente do conselho rural de Planaltina CRDRS, Edson Pereira Batista, e pelo representante dos alunos, Maurício Leal, durante a inauguração da residência estudantil da agroecologia. Também presente ao evento, a deputada federal Érika Kokay (PT) apoiou a ação do câmpus e anunciou a construção da feira de produtos orgânicos, uma das iniciativas propostas para o seu mandato.

O movimento conta com o apoio da reitora do IFB, Luciana Massukado, que assumiu o compromisso de promover a transição. O diretor do câmpus de Planaltina, Nilton Cometti, disse, no entanto, que a mudança não vai ocorrer “do dia para a noite”.

Cometti afirma que o processo de redução no uso de agrotóxicos e transgênicos em alimentos deve ser feito a partir da construção de um planejamento estratégico eficiente, visando suprir as necessidades de todos os cursos ofertados no câmpus. No momento, essa função é de responsabilidade do Comitê Técnico Ambiental do IFB de Planaltina.

Para o diretor, a iniciativa dos estudantes é extremamente positiva, pois os jovens estão cumprindo o papel da agroecologia. “Esses alunos estão alinhados com o propósito do curso deles, ao buscar a sustentabilidade, a produção de alimentos mais saudáveis, fatores que vão impactar diretamente na mesa da sociedade”, afirma.

Para o professor e coordenador do curso de Tecnologia em Agroecologia, Paulo Cabral, a ação é revolucionária. “A juventude é, felizmente, muito crítica. A educação é fundamental para desenvolver essas características. Espero que essa atitude do câmpus de Planaltina sirva de exemplo”, disse.

Além de cumprir o papel da agroecologia, ainda de acordo com o professor, a demanda surgiu também com o anseio da sociedade por produtos saudáveis. “Se iniciativas como essa forem apoiadas pelo governo e instituições interessadas, seríamos capazes de desenvolver tecnologias sustentáveis que fugissem do tradicional e são até mais caras”, afirma.

De acordo com Cabral, esse convívio com áreas que utilizam agrotóxicos e transgênicos é conflituoso, pois podem oferecer risco de contaminação tanto ao ambiente quanto às pessoas que estudam e trabalham no câmpus, interferindo na produção agroecológica.

“Com essa decisão, o IFB reforça seu compromisso com a implantação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), apoiando o ensino, a pesquisa e a extensão voltadas para a produção de alimentos saudáveis”, comemora.

Cometti ressalta, ainda, a importância de projetos dessa natureza no IFB. “A ação está totalmente alinhada com o objetivo dos institutos federais, que buscam sustentabilidade e ações inventivas para a comunidade local.”

No momento, está em trâmite no Senado Federal, o Projeto de Lei (PL) 1.459/2022, responsável por alterar a legislação referente ao uso desses produtos químico, reconhecidamente danosos a saúde. Os agrotóxicos ou pesticidas são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos, larvas, fungos e carrapatos, sob a justificativa de controlar doenças provocadas por esses vetores e de regular o crescimento da vegetação, tanto no ambiente rural quanto urbano.

Desde o ano 2000, os governos federais, por meio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, liberaram quase 5 mil tipos de agrotóxicos no país. Em 2000 foram liberados 82 inseticidas. No ano seguinte, 562, representando aumento de 5.563%. Apenas na gestão atual, a que mais abriu as portas para liberação de agrotóxicos, foram liberados mais de 1.500 defensivos agrícolas.

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