Indústria do cigarro aposta na tecnologia para ganhar tempo de vida

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Man smoking e-cigarette

O cigarro eletrônico foi inventado em 2003 por Hon Lik, farmacêutico chinês que buscava alternativa de consumo de nicotina para parar de fumar.


Dez anos depois, a divisão de DEFs da sua empresa, a Dragonite International, foi comprada pelo Imperial Tobacco Group, um dos maiores fabricantes de cigarro da Europa, por US$ 75 milhões.

A aquisição representou uma virada no modelo de negócios da indústria do tabaco. Em um mundo em que o hábito de fumar vem minguando, as alternativas tecnológicas de redução de danos passaram a ser vistas como última aposta de sobrevivência a longo prazo.

“Não é segredo para ninguém que nosso negócio está em decadência em termos de volume”, afirmou David O’Reilley, membro do conselho diretor da British American Tobaco, em palestra no Fórum Global sobre Nicotina.

Duas das três maiores produtoras do mundo, a British American Tobacco e a Philip Morris, investiram, nos últimos anos, US$ 1,5 bilhão e US$ 3 bilhões, respectivamente, no desenvolvimento de tecnologias e produtos de nova geração. A terceira é a China Tobacco, estatal chinesa produtora de cigarros voltada para o mercado interno.

O IQOS, sigla em inglês para “I quit ordinary smoking” (Parei de fumar cigarros convencionais), uma piteira que aquece pequenos bastões de tabaco sem queimá-los, da Philip Morris, é vendido em 23 países. A empresa quer chegar a 35 até o final do ano.

A British American Tobacco, holding da Souza Cruz, tem o cigarro eletrônico Vype, vendido em 14 países, e dois dispositivos de aquecimento de tabaco (iFuse, lançado na Romênia em 2015, e Glo, vendido no Japão).

Diante da restrição legal, nenhuma das empresas tem previsão quanto à venda dos produtos no Brasil. Em meio às dúvidas, cresce a legião de usuários clandestinos. O Vape Brasil, grupo no Facebook sobre cigarros eletrônicos, reúne mais de 5.000 perfis.

“Fumar” é termo proibido na comunidade -o verbo é “vaporar”. Fernanda Amorim, publicitária de 25 anos, entrou no grupo na tentativa de largar o cigarro.

“Primeiro comprei um no camelô, era intragável”, diz. Ela defende que os produtos sejam liberados. “O acesso a essa alternativa é negado. As pessoas que querem deixar o cigarro são expostas a produtos de má qualidade.”

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